A cultura negra é popular, as pessoas negras não são.
“Everybody wanna be black,
but don’t nobody wanna be black”
Paul Mooney
Um exemplo de cultura negra é a Black Music. Black music– Música negra, música de negro, música feita por negros, a resistência de negros e negras através da música, podemos citar inúmeros cantores e grupos negros que tiveram imensa relevância para a história da música, como por exemplo Jimi Hendrix, Miles Davis, Funkadelic, Bob Marley, Ray Charles, Fela Kuti, James Brown, Whitney Houston, Nina Simone, Beyoncé, mas, o fato é que cantores negros ao longo da história vem construindo sua voz dentro de todos estilos musicais, do jazz e blues ao rap, passando pelo rock and roll, deixando sua marca no pop, reinando no reggae com um pouco de afrobeat, e indo até onde nossa voz consegue chegar.
O Brasil, como um país com uma miscigenação enorme, não podia deixar de fora seus cantores e ritmos adotados, como funk que por vezes conta o sofrimento da vida em favelas e, narra através de música e batidas a violência sofrida pela população pobre, negra e constantemente criminalizada aos olhos do Estado, ou o samba e mpb, cantoras como Juçara Marçal resgatam a ancestralidade com músicas que carregam ritmos brasileiros dançantes e, letras que contam toda religiosidade e tradição de terreiros.
No entanto, por que ainda com os incontáveis sucessos e artistas relevantes para o cenário musical, o reconhecimento e espaço do negro é negado? O grande público ainda prefere consumir a arte negra sem a produção dos negros. Ainda prefere Miley Cyrus reproduzindo uma dança negra (twerk), mas critica e acha exótica e vulgar o empoderamento de Nicki Minaj em Anaconda ou Flawless com a Beyoncé. Isso vem da ideia da superioridade intelectual branca. Coisa que não existe. A cultura não tem dono como muitos teóricos ressaltam, entretanto marginalizar o negro e tornar a sua arte em mercadoria com uma roupagem branca é exclusão.
“A cultura negra é popular, pessoas negras não são.” disse o poeta negro B. Easy. Todos amam a cultura negra, mas ninguém quer falar sobre os problemas que os negros sofrem, ninguém quer ser negro, ninguém quer precisar discutir esses “assuntos chatos” e “exagerados” da população negra, além deles mesmos.